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Uro-oncology
Robotic surgery
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Sexual disorders
No final da década de 80, o DARPA, agência americana de tecnologias militares, iniciou um projeto para permitir que soldados na frente de batalha fossem operados à distância, por cirurgiões nos Estados Unidos ou em bases aliadas. Mesmo não chegando a esse ponto, o projeto deu início à criação dos robôs cirúrgicos. Ainda antes de a fabricante Intuitive ser a referência no mercado mundial, a Computer Motion desenvolveu o braço robótico AESOP 1000, associado a uma central de comando (ZEUS). Este primeiro sistema robótico foi utilizado para cirurgia transcontinental, onde o cirurgião Michel Gagner (em Nova Iorque) operou um paciente em Estrasburgo, na França, auxiliado pelo cirurgião francês Jacques Marescaux. Um grande avanço foi dado pela necessidade de as Forças Armadas norteamericanas fazerem cirurgias a distância na década de 1990, com expectativa de ter braços robóticos em hospitais próximos aos fronts, enquanto nos EUA ou em outra parte do mundo, o cirurgião principal, atuando num joystick, faria o procedimento. Porém, o projeto não foi adiante, devido às limitações na velocidade de transmissão de dados e à impossibilidade de operar no campo de batalha sem que houvesse alguém que mexesse no robô, in loco. No entanto, este projeto obteve continuidade pela empresa Intuitive Surgical (Sunnyvale, CA, USA), e, de fato, a cirurgia robótica, como a conhecemos hoje, iniciou-se em 1999 com a criação do robô Da Vinci®. Em 2000, o Da Vinci foi aprovado em pelo FDA (Food and Drug Administration) para utilização em pacientes.
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Conheça a cirurgia robótica
Modelo DaVinci Si
No dia 30 de março de 2008, foi realizada a primeira cirurgia no Brasil, auxiliada pelo robô Da Vinci. A cirurgia realizada foi uma prostatectomia urológica no Hospital Sírio Libanês (SP). Em seguida, os hospitais Albert Einstein e Nove de Julho, ambos também em São Paulo, adquiriram o equipamento. Em 2011, primeiro ano do levantamento, haviam sido realizadas tímidas 450 cirurgias. Em 09 de agosto de 2013, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre foi o primeiro hospital a disponibilizar essa cirurgia pelo Sistema Único de Saúde. Em 2014, já havia 13 sistemas desse tipo no Brasil, contabilizando um terço dos 36 robôs vendidos para a América Latina. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o número chegou a cerca de 1,8 mil equipamentos. Além dos hospitais já citados, Oswaldo Cruz, A.C. Camargo, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), em São Paulo, e Instituto Nacional do Câncer (Inca) e Hospital Samaritano, ambos no Rio, possuíam robôs cirúrgicos. Nos últimos 5 anos, grandes grupos hospitalares como a Amil (atual UHG) e a Rede D’Or, impulsionaram o mercado de tal forma que o Brasil é o país que mais faz cirurgia robótica na América Latina, possuindo atualmente 57 plataformas espalhadas por todas as regiões, tendo sido realizados mais de 8 mil procedimentos em todo o território nacional.
Modelo DaVinci Xi
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Os Robôs são considerados a terceira geração cirúrgica (cirurgia 3.0), após as cirurgias abertas (cirurgias 1.0) - que exigem grandes cortes - e as laparoscópicas (cirurgias 2.0), modalidade considerada minimamente invasiva. A tecnologia não pode ser aplicada a qualquer caso, mas já faz grande diferença em áreas como urologia, ginecologia, cirurgia geral e aparelho digestivo, operações de tórax e cabeça e pescoço. A principal característica é a precisão, permitindo que o robô realize 7 graus de movimento, enquanto a laparoscopia só é possível 4 graus. Ou seja, a tecnologia permite que o cirurgião faça movimentos que antes eram impossíveis por laparoscopia e até mesmo em cirurgia aberta.
Console utilizado pelo cirurgião para comandar os movimentos dos braços robóticos e da câmera
O robô analisa cerca de 1,5 mil vezes por segundo o movimento humano, corrigindo eventuais imperfeições. Chega-se tão perto que é possível ver os nervos, sem queimá-los; cada corte tem décimos de milímetro; a imagem é produzida em HD e em 3D, além de ser possível ampliação de 10 a 15 vezes; permite a visualização de nervos e estruturas não possíveis por outro método. A ergonomia favorável ao cirurgião permite que realize cirurgias de longa duração sem o cansaço físico gerado pelas outras vias. Para os pacientes, as vantagens são: o período de internação mais curto; menor risco de infecção hospitalar; melhorias em relação à perda de sangue; redução das doses de medicamentos no pós-operatório e retorno mais rápido às atividades laborativas. Há casos de ressecção (retirada) de tumor da faringe, por exemplo, em que o tempo médio da cirurgia diminui de dez horas para uma hora e meia, o de internação cai de dez dias para um ou dois dias e o paciente volta a falar normalmente entre nove e dez dias, quando o prazo habitual é de um mês. São pouquíssimos os casos de transfusão de sangue e, menor ainda, os casos de infecção hospitalar.
Na contramão do crescimento nas intervenções com uso da tecnologia estão: os custos, a máquina governamental e a capacitação profissional. A cirurgia robótica ainda é cara, mas os benefícios da recuperação vem ganhando notoriedade entre médicos e pacientes e já são cinco hospitais públicos que têm essa plataforma; somente São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande Sul conseguiram disponibilizar a cirurgia em hospitais
públicos, sendo preciso definir critérios para escolher quem vai passar pela cirurgia robótica. Geralmente, a escolha depende do tipo de cirurgia, da experiência dos médicos na área e da contribuição que a operação pode representar em termos de conhecimento acumulado para a instituição. O custo adicional é absorvido pelo governo. Outro entrave no acesso das pessoas ao procedimento é que os convênios de saúde não cobrem a cirurgia. A Agência Nacional de Saúde (ANS) define o que é cobertura obrigatória pelos planos e o robô ainda não está incluído no rol de procedimentos da ANS. E, por fim, a capacitação de profissionais se tornou um novo problema. Desde a implantação da cirurgia robótica até 2019, o médico brasileiro que tinha interesse em se capacitar para cirurgia robótica precisava realizar a certificação fora do Brasil. O país ainda não disponibilizava de formação, sendo os centros de treinamentos mais próximos na Colômbia e nos Estados Unidos. Além de um curso teórico-prático, faz-se necessário a realização das primeiras 10-20 cirurgias acompanhadas de um tutor/preceptor. Além dessas etapas de certificação, a habilitação do médico só é completa após ele participar ativamente de inúmeras cirurgias robóticas. Uma das melhores maneiras de atingir esse grau de treinamento é pela realização pelo médico de um treinamento de 12 meses na modalidade fellowship em tempo integral. São poucas as vagas disponibilizadas desse tipo de treinamento no Brasil, sendo apenas 1 vaga por ano em Minas Gerais, no Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte. O primeiro médico a ocupar essa vaga e realizar esse treinamento, com participação em aprox. 240 cirurgias robóticas, foi o Dr. Rodrigo Lolli.
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